'TV Animal' estreia hoje no Sbt:

A concorrência cada vez mais acirrada pela audiência está abrindo frentes inusitadas nas grades das emissoras. A novidade, dessa vez, fica por conta do SBT - que mira nos mais de 60% das famílias brasileiras das classes A, B, C que possuem animais de estimação, segundo dados da Associação de Produtos e Prestadores de Serviços ao Animal.

"Cachorro é a verdadeira paixão nacional, não tem jeito", valoriza o treinador Itamar Olivieira, que faz parte da equipe do "TV Animal", programa que volta reformulado à grade a partir do dia 9 de outubro. A produção original entrou no ar em 1988 e ficou até 1996, tempo durante o qual a apresentação foi revezada por Gugu, Angélica e Eliana. "Mas, fora o nome e de um quadro, está tudo diferente do que foi feito naquela época", ressalta o diretor Ocimar de Castro, que foi produtor da versão original do programa.

Nessa nova fase, Beto Marden será a cara do "TV Animal". Ex-apresentador do "Astros", também no SBT, ele comandará a produção e fará reportagens especiais, incluindo viagens para locais selvagens. Entre os destinos estão o Parque das Aves, em Foz do Iguaçu, no Paraná, e em um hotel em meio a Floresta Amazônica. "Colocar o animal na TV não é novidade, mas pela primeira vez temos um programa de canal aberto só para isso. É um espaço educativo e com prestação de serviço", anima-se Beto.

Além das reportagens em meio à natureza, outros cinco quadros farão parte da produção. Um deles é "Mr. Dog", espécie de "Super Nanny" canino, comandado por Itamar e no qual o treinador vai ajudar donos a "educarem" seus cães. Já em "Direito Animal", a advogada Mônica Grimaldi vai tirar dúvidas a respeito da legislação sobre animais e meio ambiente. Também farão parte da estrutura "Novo Dono", em que animais abandonados ganharão um novo lar, o reality show "Estilo Animal" e "Game Animal", espécie de concurso de talentos. "Inicialmente, esse é o modelo do programa, mas é claro que pensamos em mudar isso com o passar do tempo. Até porque, se não for assim, acaba ficando monótono", pondera Ocimar.

Apesar da aparência de programa vespertino, "TV Animal" será exibido no horário nobre, às 20h15 de sexta-feira - o que o deixará em confronto direto com o "Jornal Nacional", da concorrente Globo. A briga pela audiência, no entanto, parece não abalar o bom-humor de Ocimar. "Normalmente, os horários do SBT não são escolhidos pelo diretor do programa: isso é uma determinação da direção geral, que achou que deveria ser nesse dia. Eu aceito qualquer dia, não tem problema", garante.

O foco da produção está voltado para os jovens, principalmente por conta da relação bastante íntima que o programa terá com seu site, através do qual o público poderá tirar dúvidas sobre seus bichinhos, sugerir temas e até denunciar situações irregulares. O mesmo vale para a plateia de cerca de 90 pessoas, que vai interagir com a equipe. "O tema é algo muito próximo do público que está assistindo, porque quase todo mundo tem algum bichinho de estimação", destaca Beto.

A produção do programa estima que cerca de 70% do conteúdo será voltado exatamente para os "pets", mas também haverá espaço para outros tipos de animais. Ao lado das reportagens com a exuberante fauna brasileira, outra aposta do "TV Animal" são as matérias envolvendo denúncias de maus-tratos a bichos de todos os portes. "Alguns desses animais tomam Prozac por 15 anos. A presença de animais em circos está proibida em poucas cidades do Brasil. Na maioria dos lugares, pode sim colocar um urso em cima de uma chapa quente para ele dançar", ressalta Roberta Peporine, jornalista responsável pelo segmento.

Apesar de condenar o tratamento destinado aos animais de circo, o programa terá espaço para o adestramento de entretenimento - quando cachorros, por exemplo, fazem truques em troca de afagos ou guloseimas. A equipe, porém, nega o contrasenso - ainda que só tenha usado como argumento de validação o treinamento educativo ou utilitário, como o feito com cães guias. "O trabalho tem de ser positivo. A partir do momento que você respeita e há cumplicidade, não há maus tratos", minimiza Mônica Grimaldi.

(Por Louise Araujo) UOL