Adaga Negra - Amante Escuro (Episódio 1)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Classificação 18 anos

Darius olhou a seu redor no clube, e se deu conta, pela primeira vez, da multidão de pessoas semidesnudas que se contorciam na pista de dança. Aquela noite, o Screamer's estava lotado, repleto de mulheres vestidas de couro e homens com aspecto de ter cometido vários crimes violentos.
Darius e seu acompanhante encaixavam à perfeição. Com a exceção de que eles eram assassinos de verdade.
— Realmente pensa fazer isso? — perguntou-lhe Tohrment. Darius dirigiu seu olhar para ele. Os olhos do outro vampiro se encontraram com os seus.
— Sim. Isso mesmo.
Tohrment bebeu um gole de seu uísque escocês. Um sorriso lúgubre apareceu em seu rosto, deixando entrever, fugazmente, as pontas de suas presas.
— Está louco, D.
— Você deveria compreendê-lo.
Tohrment inclinou seu copo com elegância.
— Mas está indo muito longe. Quer arrastar com você uma garota inocente, que não tem nem ideia do que está acontecendo, para submetê-la a sua transição em mãos de alguém como Wrath. É uma loucura.
— Ele não é mau..., apesar das aparências. — Darius terminou sua cerveja. — E deveria mostrar-lhe um pouco de respeito.
— Respeito-o profundamente, mas não me parece boa ideia.
— É preciso.
— Está seguro disso?
Uma mulher com uma minissaia diminuta, botas até as coxas e um corpete confeccionado com correntes passou junto a sua mesa. Sob as pestanas carregadas de rímel, seus olhos brilharam com um incitante lampejo, enquanto rebolava como se seus quadris tivessem uma dupla articulação.
Darius não prestou atenção. Não era sexo o que tinha em mente nessa noite.
— É minha filha, Tohr.
— É uma mestiça, D. Já sabe o que ele pensa dos humanos. — Tohrment moveu a cabeça. — Meu tataravô o era, não me vê precisamente alardeando isso na frente dele.
Darius levantou a mão para chamar à garçonete e apontou sua garrafa vazia e o copo de Tohrment.
— Não deixarei que morra outro dos meus filhos, pelo menos se houver uma possibilidade de salvá-la. De qualquer modo, nem sequer estamos seguros de que vá mudar. Poderia acabar vivendo uma vida feliz, sem saber jamais de minha condição. Não seria a primeira vez que acontece.
Tinha a esperança de que sua filha se livrasse daquela experiência. Porque se passasse pela transição e sobrevivesse convertida em vampiresa, a perseguiriam para caçá-la, como a todos eles.
— Darius, se ele se comprometer a fazê-lo, será porque está em dívida com você. Não porque o deseje.
— Eu o convencerei.
— E como pensa enfocar o problema? Pode se aproximar numa boa da sua filha e lhe dizer: Ouça, sei que nunca me viu, mas sou seu pai. Ah, e sabe algo mais? Ganhou o grande prêmio na loteria da evolução: é uma vampiresa. Vamos a Disneylândia!
— Neste momento odeio você.
Tohrment se inclinou para frente; seus grossos ombros se moveram sob a jaqueta de couro negro.
— Sabe que o apóio, mas penso que deveria reconsiderar. — Houve uma incômoda pausa. — Talvez eu possa me encarregar disso.
Darius lançou-lhe um frio olhar.


— E acredita que poderá retornar tranquilamente para sua casa depois? Wellsie cravaria uma estaca no seu coração, e o deixaria secar ao sol, meu amigo.
Tohrment fez uma careta de desagrado. — Bom argumento.
— E logo viria a mim. — Ambos os machos estremeceram — Além disso... — Darius se inclinou para trás quando a garçonete serviu as bebidas. Esperou que partisse, embora o rap soasse estrondosamente a seu redor, amortecendo qualquer conversa. — Além disso, são tempos difíceis. Se algo me acontecer...
— Eu cuidarei dela.
Darius deu uma palmada no ombro a seu amigo.
— Sei que o fará.
— Mas Wrath é melhor. — Não havia nem um sentimento de ciúmes em seu comentário. Simplesmente, era verdade.
— Não há outro como ele.
— Graças a Deus — disse Tohrment, esboçando um meio sorriso.
Os membros de sua Irmandade, um fechado círculo de guerreiros fortemente unidos que trocavam informações e lutavam juntos, eram da mesma opinião. Wrath era uma corrente de fúria em assuntos de vingança, e caçava a seus inimigos com uma obsessão que raiava a demência. Era o último de sua estirpe, o único vampiro de sangue puro que restava sobre o planeta, e embora sua raça o venerasse como a um rei, ele desprezava sua condição.
Era quase trágico que ele fosse a melhor opção de sobrevivência que a filha mestiça de Darius tinha. O sangue do Wrath, tão forte, tão puro, aumentaria suas probabilidades de superar a transição se esta lhe causasse algum mal. Mas Tohrment não se enganava. Era como entregar uma virgem a uma besta.
De repente, a multidão se deslocou, amontoando-se uns contra os outros, deixando passar a alguém. Ou a algo.
— Maldição. Aí vem — balbuciou Tohrment. Segurou seu copo e bebeu de um gole até a última gota do seu escocês — Não se ofenda, mas me vou. Não quero participar desta conversa.


Darius observou como aquela maré humana se dividia abrindo caminho para uma imponente sombra escura que se sobressaía por cima de todos eles. O instinto de fugir era um bom reflexo de sobrevivência.
Wrath media um metro e noventa e cinco de puro terror vestido de couro. Seu cabelo, longo e negro, caía diretamente de uma mecha em forma de M sobre a fronte. Uns grandes óculos de sol ocultavam seus olhos, que ninguém jamais viu. Seus ombros tinham o dobro do tamanho que os da maioria dos machos. Com um rosto tão aristocrático quanto brutal, parecia o rei que na realidade era por direito próprio e o guerreiro que o destino o tinha transformado.
E a onda de perigo que o precedia era sua melhor carta de apresentação.
Quando o gélido ódio chegou até Darius, ele agarrou sua cerveja e bebeu um longo gole.
Realmente esperava estar fazendo o certo.

Beth Randall olhou para cima quando seu editor apoiou o quadril sobre a escrivaninha. Seus olhos estavam cravados no decote de Beth.
— Trabalhando até tarde outra vez? — murmurou.
— Olá, Dick.Não deveria estar já em casa com seu mulher e seus dois filhos?, adicionou mentalmente.
— O que está fazendo?
— Redigindo um artigo para o Tom
— Sabe? Há outras formas de me impressionar.
Sim, já imaginava.
— Leu meu e-mail, Dick? Fui à delegacia de polícia esta tarde e falei com José e Ricky. Asseguraram-me que um traficante de armas se mudou para esta cidade. Encontraram duas Magnum manipuladas em mãos de uns traficantes de drogas.
Dick esticou o braço para lhe dar um tapinha no ombro, acariciando-o antes de retirar a mão.


— Você continua trabalhando nas coisas pequenas. Deixa que os meninos grandes se preocupem com os crimes violentos. Não queremos que aconteça algo a esse rosto tão bonito.
Sorriu, entrecerrando os olhos enquanto seu olhar se detinha nos lábios da garota.
Essa rotina de olhá-la fixamente já durava três anos, pensou ela, desde que tinha começado a trabalhar para ele.
Um saco de papel. O que precisava era um saco de papel para colocar sobre a cabeça cada vez que falava com ele. Talvez com a fotografia da senhora Dick colada nele.
— Quer que a leve para sua casa? — perguntou.
Só se caísse uma chuva de agulhas e pregos, pedaço de símio.
— Não, obrigado. — Beth se virou para a tela de seu computador com a esperança de que ele entendesse a indireta.
Por fim, afastou-se, provavelmente na direção do bar no outro lado da rua, aonde se reuniam a maioria dos repórteres antes de irem para casa. Caldwell, Nova Iorque, não era precisamente um foco de oportunidades para um jornalista, mas os «meninos grandes» do Dick gostavam de aparentar que levavam uma vida social muito agitada. Desfrutavam reunindo-se no bar do Charlie para sonhar com os dias em que trabalhariam em jornais maiores e importantes. A maior parte deles eram como Dick: homens de meia idade, comuns, competentes, mas o que faziam estava longe de ser extraordinário. Caldwell era o suficientemente grande e estava muito próxima da cidade de Nova Iorque para contar com crimes violentos suficientes, batidas por drogas e prostituição que os mantinham ocupados. Mas o Caldwell Courier Journal não era o Times, e nenhum deles ganharia jamais um Pulitzer. Era algo deprimente.Sim, bom, se olhe ao espelho, pensou Beth. Ela era só uma repórter de base. Nem sequer tinha trabalhado, nunca, em um jornal de tiragem nacional. Assim, quando tivesse cinquenta e tantos, ou as coisas mudassem muito teria


que trabalhar para um jornal independente redigindo anúncios por palavras e vangloriando-se de seus dias no Caldwell Courier Journal.
Esticou a mão para alcançar a bolsa de M&M que estava guardada. Aquela maldita estava vazia. De novo.
Talvez devesse ir para casa e comprar comida Chinesa para levar.
Enquanto se dirigia à saída da redação, que era um espaço aberto dividido em cubículos por frágeis tabiques cinza, encontrou-se com o contrabando de barras de chocolate de seu amigo Tony. Tony comia todo o tempo. Para ele não existia café da manhã, almoço e jantar. Consumir era uma proposição binária. Se estivesse acordado, tinha que levar algo à boca, e para manter-se aprovisionado, sua mesa era um cofre do tesouro de perversões com alto conteúdo em calorias.
Tirou o papel e saboreou com prazer a barra de chocolate enquanto apagava as luzes e descia a escada que conduzia à rua Trade. No exterior, o calor de julho parecia comportar-se como uma barreira física entre ela e seu apartamento. Doze quadras completas de calor e umidade. Por sorte, o restaurante chinês estava a meio caminho de sua casa e contava com um excelente ar condicionado. Com alguma sorte, estariam muito ocupados essa noite, e ela teria oportunidade de aguardar um pouco naquele ambiente fresco.
Quando terminou o chocolate, abriu a tampa de seu telefone, teclou a marcação rápida e fez um pedido de carne com brócolis. À medida que avançava, os lúgubres e conhecidos lugares foram aparecendo ante ela. Ao longo dessa viela da rua Trade, só havia bares, clubes de striptease e negócios de tatuagens. Os dois únicos restaurantes eram o chinês e um mexicano. O resto dos edifícios, que tinham sido utilizados como escritórios nos anos vinte quando o centro da cidade era uma zona próspera, estavam vazios. Conhecia cada fenda da calçada; sabia de cor a duração dos semáforos. E os sons misturados que se ouviam através das portas e janelas abertas tampouco lhe eram surpreendentes.No bar do McGrider soava música de blues; da porta de vidro do ZeroSum saíam gemidos; e as máquinas de karaokê estavam a todo volume no Ruben's. A maioria eram lugares dignos de confiança, mas havia alguns deles dos quais


preferia manter-se afastada, sobretudo do Screamer's, que tinha uma clientela verdadeiramente tenebrosa. Aquela era uma porta que nunca cruzaria a menos que tivesse uma escolta policial.
Enquanto calculava a distância até o restaurante chinês, sentiu uma onda de esgotamento. Deus, que umidade. O ar estava tão denso que lhe deu a impressão de que estava respirando através de água.
Teve a sensação de que aquele cansaço não era devido unicamente ao tempo. Durante as últimas semanas não tinha dormido muito bem, e suspeitava que estivesse à beira de uma depressão. Seu emprego não a levava a nenhuma parte, vivia em um lugar que não lhe importava nenhum pouco, tinha poucos amigos, não tinha amante e nenhuma perspectiva romântica. Pensando em seu futuro, imaginava dez anos mais tarde estancada no Caldwell com o Dick e os meninos grandes, sempre imersa na mesma rotina: levantar-se, ir ao trabalho, tentar fazer algo novo, fracassar e retornar para casa sozinha.
Talvez necessitasse uma mudança. Ir embora de Caldwell e do Caldwell Courier Journal. Afastar-se daquela espécie de família eletrônica conformada por seu despertador, o telefone de seu escritório e o televisor que mantinha afastados seus sonhos enquanto dormia.
Não havia nada que a retivesse na cidade salvo o hábito. Não tinha falado com nenhum de seus pais adotivos durante vários anos, assim não sentiriam falta dela. E os novos amigos que tinha, estavam ocupados com suas próprias famílias.
Ao escutar um assobio lascivo atrás dela, entreabriu os olhos. Esse era o problema de trabalhar perto de uma zona como aquela. Às vezes, encontrava-se com algum perseguidor.Logo chegaram as cantadas, e a seguir, como era de esperar, dois sujeitos cruzaram a rua para colocar-se atrás dela. Olhou a seu redor. Estava afastando-se dos bares em direção ao longo vão de edifícios vazios que havia antes dos restaurantes. A noite era nublada e escura, mas pelo menos havia luzes e, de vez em quando, passava algum carro.


— Eu gosto de seu cabelo negro — disse o mais velho enquanto adaptava seu passo ao dela. — Importa-se se o tocar?
Beth sabia que não podia parar. Pareciam meninos de alguma fraternidade universitária em férias de verão, mas não queria correr nenhum risco. Além disso, o restaurante chinês estava só a cinco quadras.
De qualquer modo, procurou em sua bolsa seu spray de pimenta. — Quer que a leve a algum lugar? — perguntou de novo o mesmo moço. — Meu carro não está longe. Sério, por que não vem conosco? Podemos ir todos.
Sorriu abertamente e deu uma piscada a seu amigo, como se com aquele bate-papo meloso fosse levá-la para a cama instantaneamente. O cupincha riu e a rodeou, seu ralo cabelo loiro saltava a cada passo que dava.
— Sim, montemo-la! — disse o loiro. Maldição, onde estava o spray?
O mais velho esticou a mão, tocando seu cabelo, e ela o olhou atentamente. Com sua pólo e suas calças curtas de cor cáqui, era realmente de aparência agradável. Um verdadeiro produto americano.
Quando lhe sorriu, ela acelerou o passo, concentrando-se no tênue brilho de néon do pôster do restaurante chinês. Rezou para que passasse algum transeunte, mas o calor havia afugentado aos pedestres para os locais com ar condicionado. Não havia ninguém ao redor.
— Quer me dizer seu nome? — perguntou o produto americano.
Seu coração começou a bater com força. Tinha esquecido o spray na outra bolsa.
— Vou escolher um nome para você. Deixe-me pensar... O que acha de «gatinha»?
O loiro soltou uma risadinha.
Ela engoliu saliva e tirou seu celular, se por acaso precisasse chamar o 911.
Conserva a calma. Mantenha o controle.Imaginou como se sentiria bem quando entrasse no restaurante chinês e se visse rodeada pela rajada de ar condicionado. Possivelmente devia esperar e

chamar um táxi, só para estar segura de chegar em casa sem que a incomodassem.
— Vamos, gatinha — sussurrou o produto americano. — Sei que vai gostar.
Só três quadras mais...
No instante em que desceu o meio-fio da calçada para cruzar a rua Dez, ele a segurou pela cintura. Seus pés ficaram pendurados no ar, e enquanto a arrastava para trás, cobriu-lhe a boca com a palma da mão. Beth lutou como uma possessa, chutando e lançando murros, e quando acertou um bom golpe em um olho, conseguiu escapar. Tentou afastar-se o mais rapidamente possível, sapateando com força sobre o pavimento, enquanto o fôlego se amontoava em sua garganta. Um carro passou pela rua Dez, e ela gritou assim que viu o brilho dos faróis.
Mas então o homem a segurou de novo.
— Você me paga, cadela — disse em seu ouvido, tampando-lhe a boca com uma mão. Sacudiu-lhe o pescoço de um lado a outro, e a arrastou para uma parte mais escura. Podia cheirar seu suor e a colônia de universitário que usava, à medida que escutava as estridentes gargalhadas de seu amigo.
Um beco. Estavam levando-a para um beco.
Sentiu ânsia, a bílis lhe fazia cócegas na garganta. Sacudiu o corpo furiosamente, tentando libertar-se. O pânico lhe dava forças, mas ele era mais forte.
Empurrou-a atrás de um contêiner de lixo e pressionou seu corpo contra o dela. Ela lhe deu várias cotoveladas e chutes.
— Maldita seja, segura os braços!
Conseguiu dar no loiro um bom murro no queixo antes que segurassem seus punhos e os levantasse por cima de sua cabeça.
— Vamos, cadela, isto você vai gostar — grunhiu o produto americano, tratando de introduzir um joelho entre as pernas da garota.


Colocou-lhe as costas contra a parede de tijolo do edifício, mantendo-a imóvel pela garganta. Teve que usar a outra mão para lhe rasgar a blusa, e tão logo ele deixou sua boca livre, começou a gritar. Esbofeteou-a com força, cortando-lhe o lábio. Sentiu o sabor do sangue na língua e, uma dor pungente. — Se fizer isso de novo, cortarei sua língua. — Os olhos do homem ferviam de ódio e luxúria enquanto levantava a renda branca do sutiã para deixar expostos seus seios. — Diabos, acredito que o farei de qualquer jeito.
— Ouça, são de verdade? — perguntou o loiro, como se ela fosse lhe responder.
Seu companheiro agarrou um dos mamilos e deu um puxão. Beth fez uma careta de dor, as lágrimas nublaram seus olhos. Ou talvez estivesse perdendo a vista porque estava a ponto de desmaiar.
O produto americano riu.
— Acredito que são naturais. Mas poderá averiguar você mesmo quando eu terminar .
Ao escutar o loiro rir bobamente, algo no interior de seu cérebro entrou em ação e se negou a deixar que aquilo acontecesse. Obrigou-se a deixar de lutar e recorreu a seu treinamento de defesa pessoal. Exceto pela agitada respiração, seu corpo ficou imóvel, e o produto americano demorou um minuto para notar.
— Quer brincar numa boa? — disse, olhando-a com suspeita. — Ela assentiu lentamente. — Bem. — Inclinou-se, aproximando o nariz do dela. Beth lutou para não se afastar, enojada pelo fétido aroma de cigarro rançoso e cerveja. — Mas se gritar outra vez, vou dar em você muitas facadas. Entende? — Ela assentiu de novo. — Solta-a.
O loiro lhe soltou os punhos e riu, movendo-se ao redor de ambos como se procurasse o melhor ângulo para observar. Seu companheiro lhe acariciou asperamente a pele, e ela teve que fazer um enorme esforço para conservar a barra de chocolate do Tony no estômago quando sentiu as náuseas subindo por sua garganta. Embora repugnassem aquelas mãos apertando seus seios, esticou a mão procurando sua braguilha. Ainda a segurava pelo pescoço, e ela tinha problemas para respirar, mas no momento em que tocou seus genitais, ele gemeu, afrouxando a presa.
Com um enérgico apertão, Beth agarrou os testículos, retorcendo-os tão forte como pôde, dando um joelhada no nariz enquanto ele caia. Uma corrente de adrenalina atravessou seu corpo, e durante um décimo de segundo desejou que o amigo a atacasse em lugar de ficar olhando-a estupidamente.
— Bastardos! — gritou-lhes.
Beth saiu correndo do beco, segurando a blusa, sem parar até chegar à porta de seu edifício de apartamentos. Suas mãos tremiam com tanta força que teve trabalho para introduzir a chave na fechadura. E só quando estava na frente do espelho do banheiro percebeu que rodavam lágrimas por suas bochechas.

Butch O’Neal levantou a vista quando soou o rádio sob o painel de seu carro patrulha sem distintivos. Em um beco não longe dali, um homem se encontrava jogado no chão, mas vivo.
Butch olhou seu relógio. Eram pouco mais de dez, o que significava que a diversão acabava de começar. Era uma sexta-feira à noite de começo de julho, e os universitários começavam suas férias e estavam ansiosos por competir nas Olimpíadas da Estupidez. Imaginou que o sujeito tinha sido assaltado ou que lhe tinham dado uma lição.
Esperava que fosse o segundo.
Butch tomou o fone e disse ao operador que atenderia à chamada, embora fosse detetive de homicídios, não patrulheiro. Estava trabalhando em dois casos nesse momento, um afogado no Rio Hudson e uma pessoa atropelada por um motorista que fugiu, mas sempre havia lugar para alguma coisa mais. Quanto mais tempo passasse fora de sua casa, melhor. Os pratos sujos na pia e os lençóis enrugados sobre a cama não vão se importar.Ligou a sirene e pisou no acelerador enquanto pensava: Vejamos o que aconteceu aos meninos do verão.

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