quinta-feira, 1 de outubro de 2009


“TONÉIS! TONÉIS! TÊM TONÉIS PARA VENDER?”

Eu disse que aquele quarto em que nos encontrávamos, o Sr. De Chagny e eu, era regularmente hexagonal e inteiramente revestido de espelhos. Viu-se depois, principalmente em certas exposições, esse tipo de quartos dispostos absolutamente assim e chamados “casa das miragens” ou “palácio das ilusões”. Mas a invenção cabe inteiramente a Erik, que construiu, sob a minha vista, a primeira sala desse gênero no tempo das horas cor-de-rosa de Mazenderã. Bastava colocar em um dos cantos algum motivo decorativo, como uma coluna, por exemplo, para se ter instantaneamente um palácio com mil colunas, pois, pelo efeito dos espelhos, a sala real se desdobrava em seis salas hexagonais, das quais cada uma se multiplicava ao infinito. Outrora, para divertir a “pequena sultana”, ele tinha arrumado um cenário que se tornara o “templo inumerável”; mas a pequena sultana se cansou depressa de uma ilusão tão infantil, e então Erik transformou a sua invenção em câmara de suplícios. Em vez do motivo arquitetônico posto nos cantos, colocou no primeiro quadro uma árvore de ferro. Por que essa árvore, que imitava perfeitamente a vida, com suas folhas pintadas, era de ferro? Porque tinha de ser bastante forte para resistir a todos os ataques do “paciente” que era trancado na câmara dos suplícios. Veremos como, por duas vezes, o cenário assim obtido se transformou instantaneamente em dois outros cenários sucessivos, graças à rotação automática dos tambores que se encontravam nos cantos e tinham sido divididos por terços, adequando-se aos ângulos dos espelhos e suportando cada motivo decorativo que aparecia por sua vez.
As paredes dessa estranha sala não ofereciam ao paciente nada a que ele pudesse se agarrar, visto que, afora o motivo decorativo de uma resistência a toda prova, eram guarnecidas apenas de espelhos suficientemente grossos para que não houvesse nada a temer da raiva do miserável que lançavam lá dentro, aliás, de mãos limpas e pés descalços.
Nenhum móvel. O teto era luminoso. Um sistema engenhoso de aquecimento elétrico, que foi imitado depois, permitia aumentar a temperatura das paredes à vontade e dar assim à sala a temperatura desejada...
Faço questão de enumerar todos os pormenores precisos de uma invenção natural que dá a impressão sobrenatural, com alguns galhos pintados, de uma floresta equatorial abrasada pelo sol do meio-dia, para que ninguém possa pôr em dúvida a tranqüilidade atual do meu cérebro, para que ninguém tenha o direito de dizer: “Esse homem ficou louco”, ou “esse homem está mentindo”, ou “esse homem nos toma por imbecis”.[1]
Se eu tivesse simplesmente contado as coisas assim: “Tendo descido ao fundo de um porão, encontramos uma floresta equatorial abrasada pelo sol do meio-dia”, teria obtido um grande espanto, mas não busco causar espanto em ninguém, sendo o meu objetivo, ao escrever estas linhas, contar exatamente o que nos aconteceu, ao Sr. visconde de Chagny e a mim, no decurso de uma aventura terrível que, em dado momento, ocupou a Justiça deste país.
Retomo agora os fatos onde os deixei.
Quando o teto se iluminou e, ao redor de nós, a floresta se iluminou, a estupefação do visconde ultrapassou tudo que se possa imaginar. A aparição dessa floresta impenetrável, cujos troncos e galhos incontáveis nos enlaçavam até o infinito, mergulhou-o numa consternação apavorante. Passou a mão na testa como para espantar uma visão de sonho e os seus olhos piscavam como olhos que têm dificuldade, ao acordar, para retomar a consciência da realidade das coisas. Por um instante, ele se esqueceu de escutar!
Disse que a aparição da floresta não me surpreendeu. Assim, continuava escutando, para nós dois, o que se passava na sala ao lado. Finalmente, minha atenção ficou especialmente voltada menos para o cenário, de que o meu pensamento se livrava, do que para o próprio espelho que o produzia. Esse espelho, em alguns pontos, estava fendido.
Sim, tinha trincaduras; tinham conseguido “estrelá-lo”, apesar de sua solidez, e isso me provava, sem deixar dúvidas, que o quarto dos suplícios em que nos encontrávamos já tinha sido utilizado!
Algum infeliz, cujos pés e mãos estavam menos despidos do que os dos condenados das horas cor-de-rosa de Mazenderã, tinha certamente caído nessa “ilusão mortal”, e, louco de raiva, tinha batido nesses espelhos que, apesar de suas leves feridas, não deixaram de continuar refletindo a sua agonia! E o galho da árvore, onde terminara o seu suplício, estava disposto de tal forma que, antes de morrer, tinha podido ver estrangular-se junto com ele — consolo supremo — milhares de enforcados!
Sim! Sim! Joseph Buquet tinha passado por ali!...
Também nós vamos morrer como ele?
Eu não acreditava, pois sabia que ainda tínhamos algumas horas e poderia usá-las mais utilmente do que Joseph Buquet fora capaz de fazer.
Não tinha eu um conhecimento aprofundado da maioria dos truques de Erik? Era o momento — ou nunca mais — de me servir dele.
Primeiro, não pensei mais em voltar pela passagem que nos conduzira a esse quarto maldito, não me preocupei mais com a possibilidade de repetir o movimento da pedra interior que fechava essa passagem. A razão era simples: eu não tinha os meios!... Tínhamos saltado de muito alto para dentro do quarto dos suplícios e nenhum móvel nos permitia de ora em diante atingir aquela passagem, nem mesmo o galho da árvore de ferro, nem mesmo os ombros de um de nós dois que servisse de escada.
Só havia uma saída possível: a que dava para o quarto Louis Philippe, onde se encontravam Erik e Christine Daaé. Mas, se essa saída do lado de Christine tinha o aspecto de uma porta comum, do nosso lado ela era totalmente invisível... Era preciso então tentar abri-la sem mesmo saber em que lugar da parede estava, o que não era uma tarefa corriqueira.
Quando estive completamente certo de que não havia mais nenhuma esperança para nós, quando ouvi o monstro puxar, ou melhor, arrastar a infeliz moça para fora do quarto Louis Phillipe para que ela não atrapalhasse o nosso suplício, resolvi entregar-me totalmente à tarefa, isto é, à procura do truque da porta.
Mas primeiro foi necessário acalmar o Sr. De Chagny, que já andava pela clareira como um alucinado, soltando clamores incoerentes. Os farrapos de conversa que ele pôde captar, apesar de sua emoção, entre Christine e o monstro não tinham contribuído pouco para colocá-lo fora de si; se acrescentarmos a isso o golpe da floresta mágica e o calor escaldante que começava a fazer escorrer o suor em suas fontes, não será difícil entender que o humor do Sr. De Chagny começava a sofrer certa exaltação. Apesar de todas as minhas recomendações, meu companheiro não demonstrava mais nenhuma prudência.
Ia e vinha sem razão, precipitava-se num espaço inexistente, acreditando entrar numa alameda que conduzia ao horizonte e chocando a testa, depois de alguns passos, contra o próprio reflexo de sua ilusão de floresta!
Enquanto fazia isso, gritava: “Christine! Christine!...” e brandia a pistola, chamando ainda, com todas as suas forças, o monstro, desafiando para um duelo de morte o Anjo da música, e injuriava igualmente a sua floresta ilusória. Era o suplício que produzia o seu efeito numa mente desprevenida. Tentei tanto quanto possível combater isso, fazendo, com toda tranqüilidade, com que o visconde voltasse à plenitude de sua razão: fi-lo tocar com a mão os espelhos e a árvore de ferro, os galhos sobre os tambores, explicando-lhe, segundo as leis da óptica, todo o jogo de imagens luminosas de que estávamos cercados e de que não podíamos, como ignorantes vulgares, nos tornar vítimas!
— Estamos num quarto, num pequeno quarto, eis aí o que o senhor deve repetir continuamente... e sairemos deste quarto quando tivermos encontrado a porta. Pois bem, procuremos essa porta!
E prometi-lhe que, se me deixasse agir, sem me atordoar com os seus gritos e seus passeios de louco, antes de uma hora eu encontraria a porta.
Então ele se deitou no chão e declarou que esperaria que eu achasse a porta da floresta, já que não tinha nada melhor para fazer! E ainda acrescentou que, do lugar onde se encontrava, “a vista era esplêndida”. (O suplício, apesar de tudo que eu tinha dito, continuava agindo.)
Quanto a mim, esquecendo a floresta, escolhi um painel de espelhos e pus-me a apalpá-lo em todos os sentidos, procurando o seu ponto fraco, onde se devia apertar para fazer girar as portas segundo o sistema das portas e alçapões pivotantes de Erik. Às vezes esse ponto fraco podia ser uma simples mancha sobre o espelho, do tamanho de uma ervilha, por baixo da qual estava a mola que se devia acionar. Procurei! Procurei! Apalpei tão alto quanto as minhas mãos podiam alcançar. Erik tinha mais ou menos o meu porte e eu achava que ele não tinha colocado a mola acima do que a sua altura poderia atingir — isso era, aliás, apenas uma hipótese, mas era a minha única esperança. — Decidira assim, sem fraquejar e minuciosamente, fazer a volta dos seis painéis de espelhos e depois examinar igualmente, com muita atenção, o piso.
Ao mesmo tempo que apalpava cuidadosamente os painéis, esforçava-me por não perder um minuto, pois o calor me dominava cada vez mais e estávamos literalmente sendo cozinhados nessa floresta inflamada.
Estava trabalhando assim havia meia hora e terminara três painéis quando nossa má sorte quis que eu me voltasse para uma surda exclamação lançada pelo visconde.
— Estou sufocando! — disse ele. — Todos esses espelhos enviam uns aos outros um calor infernal!... Será que você vai demorar para encontrar a sua mola? Se você atrasar um pouco, vamos ficar assados aqui dentro!
Não me desagradou ouvi-lo falar assim. Não tinha dito nenhuma palavra sobre a floresta e esperei que a razão do meu companheiro pudesse lutar por bastante tempo ainda contra o suplício. E ele acrescentou:
— O que me consola é que o monstro deu até amanhã às 11 horas da noite a Christine: se não pudermos sair daqui para socorrê-la, pelo menos teremos morrido antes dela! A missa de Erik poderá servir para todos!
E aspirou uma baforada de ar quente que quase o fez desmaiar...
Como eu não tivesse as mesmas razões desesperadas que o visconde de Chagny para aceitar a morte, voltei-me, depois de algumas palavras encorajadoras, para o painel, mas fiz mal de dar alguns passos enquanto falava; tanto assim que no entrecruzamento enorme da floresta ilusória não sabia mais com certeza qual era o meu painel! Via-me obrigado a recomeçar tudo, ao acaso... Assim, não pude deixar de manifestar minha desdita e o visconde entendeu que tudo estava por refazer. Isso lhe deu um novo golpe.
— Nunca sairemos desta floresta! — gemeu.
E o seu desespero não fez mais que aumentar. E, aumentando, esse desespero o fazia cada vez mais se esquecer que estava tratando com espelhos e acreditar cada vez mais que estava a braços com uma floresta verdadeira.
Eu tinha voltado às minhas buscas... a tatear... A febre, agora, começava a tomar conta de mim... pois eu não encontrava nada... absolutamente nada... No quarto ao lado era sempre o mesmo silêncio. Estávamos mesmo perdidos na floresta... sem saída... sem bússola... sem guia... sem nada. Oh! eu sabia o que nos esperava se ninguém viesse em nosso socorro... ou se não achasse a mola... Mas por mais que a procurasse, só achava galhos... admiráveis, belos galhos que se erguiam bem eretos diante de mim ou se arredondavam preciosamente acima de minha cabeça... Mas não faziam sombra! E bastante natural, aliás, visto que estávamos numa floresta equatorial com o sol bem acima de nossas cabeças... uma floresta do Congo...
Repetidas vezes, o Sr. De Chagny e eu tínhamos tirado e voltado a colocar os nossos casacos, achando ora que nos davam mais calor, ora que nos protegiam, ao contrário, desse calor.
Eu ainda resistia moralmente, mas o Sr. De Chagny me pareceu totalmente “desligado”. Ele julgava que já fazia três dias e três noites que estávamos caminhando na floresta, sem parar, em busca de Christine Daaé. De vez em quando, acreditava que a avistava atrás de um tronco de árvore ou deslizando entre os galhos, e a chamava com palavras suplicantes que me faziam vir lágrimas aos olhos.
— Christine! Christine! — dizia —, por que você foge de mim? Você não me ama?... Não estamos noivos?... Christine, pare!... Você está vendo que estou exausto!... Christine, tenha piedade!... Vou morrer na floresta... longe de você!... Oh! tenho sede! — disse ele finalmente com um acento delirante.
Eu também estava com sede... estava com a garganta em fogo....
E no entanto, agachado agora no chão, isso não me impedia de procurar... procurar... procurar a mola da porta invisível... tanto mais que o dia na floresta se tornava perigoso com a aproximação da noite... isso chegou rápido como cai a noite nas regiões equatoriais... subitamente, quase sem crepúsculo...
Ora, a noite nas florestas do equador é sempre perigosa, principalmente quando a gente não tem com que acender uma fogueira para afastar os animais ferozes. Eu bem que tentei, deixando um pouco de lado a busca da minha mola, quebrar alguns galhos que eu acenderia com a minha lanterna surda, mas esbarrara, também eu, nos famigerados espelhos, e isso me lembrou a tempo que só estávamos lidando com imagens de galhos...
Com o dia, o calor não foi embora, pelo contrário... Fazia ainda mais calor sob o clarão azul da lua. Recomendei ao visconde que mantivesse as nossas armas prontas para fazer fogo e que não se afastasse do lugar do nosso acampamento, enquanto eu continuava procurando a mola.
De repente, ouviu-se o rugido do leão, a alguns passos. O ruído dilacerou os nossos ouvidos.
— Ele não está longe! — disse o visconde em voz baixa —, ele não está longe!... Não o está vendo?... ali... por entre as árvores! naquela moita... Se rugir de novo, eu atiro!...
E o rugido recomeçou, mais formidável. E o visconde atirou, mas não penso que tenha atingido o leão; só que ele quebrou o espelho, constatei isso no dia seguinte, na aurora, de madrugada. Durante a noite devemos ter feito uma boa caminhada, pois nos encontramos de repente à beira do deserto, de um imenso deserto de areia, de pedras e rochedos. Não valia realmente a pena sair da floresta para cair no deserto. Cansado de guerra, estendi-me ao lado do visconde, pessoalmente exausto de buscar molas que não encontrava nunca.
Eu estava mesmo admirado (disse isso ao visconde) de não ter tido outros encontros desagradáveis durante a noite. Geralmente, depois do leão, vinha o leopardo, depois, às vezes, o zumbido da mosca tsé-tsé. Eram efeitos bem fáceis de se obter, e expliquei ao Sr. De Chagny, enquanto descansávamos antes de atravessar o deserto, que Erik obtinha o rugido do leão com um longo tamborim, terminado por uma pele de jumento em apenas uma das extremidades. Sobre essa pele era esticada uma corda de tripa amarrada pelo centro a outra corda do mesmo gênero que atravessava o tambor em toda a sua altura. Erik só precisava então esfregar essa corda com uma luva untada de colofônia e, pela maneira como esfregava, imitava perfeitamente a voz do leão ou do leopardo, ou mesmo o zumbido da mosca tsé-tsé.
Essa idéia de que Erik podia estar no quarto ao lado, com os seus truques, me impeliu a tomar a resolução de tentar negociar com ele, pois, evidentemente, eu tinha de renunciar à idéia de surpreendê-lo. E agora ele devia saber a que se ater com relação aos hóspedes do quarto dos suplícios.
— Erik! Erik!... — gritei o mais forte que pude através do deserto, mas ninguém respondeu à minha voz... Por toda parte ao nosso redor, o silêncio e a imensidão nua daquele deserto pétreo... Que seria de nós no meio daquela horrenda solidão?...
Literalmente, começávamos a morrer de calor, de fome e de sede... de sede principalmente... Enfim, vi o Sr. De Chagny levantar-se sobre os cotovelos e indicar-me um ponto no horizonte... Acabara de descobrir o oásis!...
Sim, lá, bem longe, o deserto cedia lugar ao oásis... um oásis com água... água límpida como um espelho... água que refletia a árvore de ferro!... Ah aquilo... era o quadro da miragem... eu o reconheci imediatamente... o mais terrível... Ninguém tinha conseguido resistir a ele... ninguém... Esforcei-me para segurar toda a minha razão... e não esperar a água... porque eu sabia que, se a gente esperasse a água, a água que refletia a árvore de ferro, e se, depois de ter esperado a água, a gente esbarrasse contra o espelho, só havia uma coisa a fazer: enforcar-se na árvore de ferro!...
Assim, gritei ao Sr. De Chagny:
— E uma miragem!... é uma miragem!... não acredite na água!... é ainda o truque do espelho!...
Então ele me mandou, como se diz, simplesmente passear, com o meu truque do espelho, minhas molas, minhas portas giratórias e meu palácio de miragens!... Afirmou, raivoso, que eu estava louco ou cego para imaginar que toda aquela água que corria lá longe, entre tão belas e inumeráveis árvores, não era água de verdade!... E o deserto era de verdade! E a floresta também!... Não era a ele que eu devia estar querendo enganar... ele tinha viajado bastante... e em todos os países...
E arrastou-se dizendo:
— Água! Água!...
E estava com a boca aberta como se bebesse...
E eu também estava com a boca aberta como se bebesse...
Porque não só nós víamos a água, como também a ouvíamos!... Ouvíamos a água correr... marulhar!... Vocês entendem essa palavra marulhar?... E uma palavra que a gente ouve com a língua!... A língua se puxa para fora da boca para escutá-la melhor!...
Finalmente, suplício mais intolerável do que tudo, ouvimos a chuva e não estava chovendo! Isso era a invenção demoníaca... Oh! eu sabia também como é que Erik obtinha esse efeito! Enchia de pedrinhas uma caixa bem estreita e longa, cortada em intervalos por barras transversais de madeira ou de metal. As pedrinhas, ao caírem, encontravam essas barras transversais e ricocheteavam de uma para outra, e daí se produziam sons sacudidos que lembravam de modo absolutamente perfeito o ruído de uma tempestade com granizo.
... Era preciso ver como púnhamos a língua de fora, o Sr. De Chagny e eu, arrastando-nos pela margem marulhante... os nossos olhos e orelhas estavam cheios de água, mas a nossa língua estava seca!...
Chegando ao espelho, o Sr. De Chagny pôs-se a lambê-lo... e eu também... lambi o espelho...
Ele estava quentíssimo!...
Então rolamos pelo chão, uivando desesperadamente. O Sr. De Chagny aproximou do ouvido a última pistola que restava carregada e eu olhei, aos meus pés, um laço do Pendjab.
Eu sabia por que, nesse último cenário, tinha voltado a árvore de ferro!...
A árvore de ferro estava à minha espera!...
Mas, conforme eu olhava o laço do Pendjab, vi uma coisa que me fez estremecer tão violentamente que o Sr. De Chagny parou no seu movimento de suicídio. Ele já murmurava: “Adeus, Christine!...”
Agarrei-lhe o braço. Tomei-lhe a pistola... e depois arrastei-me de joelhos até aquilo que eu tinha visto.
Tinha acabado de descobrir, perto do laço do Pendjab, na ranhura do assoalho, um prego de cabeça preta que eu sabia muito bem para que servia...
Finalmente! tinha encontrado a mola!... a mola que ia acionar a porta!... que ia dar-nos a liberdade!... que ia entregar-nos Erik.
Apalpei o prego... Mostrei ao Sr. De Chagny um rosto radiante!... O prego de cabeça preta cedia à minha pressão...
E então...
... E então não foi uma porta que se abriu na parede, mas um alçapão que disparou no assoalho.
Imediatamente, desse buraco escuro, chegou-nos ar fresco. Debruçamo-nos sobre esse quadrado de sombra como sobre uma fonte cristalina. Com o queixo na sombra fresca, nós a bebíamos.
[1] Na época em que o Persa escrevia, compreende-se muito bem que tenha tomado tantas precauções contra o espírito de incredulidade; hoje, quando todos podem ver esse tipo de sala, tais precauções teriam sido supérfluas.

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