'O Fantasma da Ópera' (último Capitulo)

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


Bem depois que o caso, pela atuação inteligente do juiz de instrução Faure, foi arquivado, a imprensa, de tempos em tempos, buscava ainda penetrar no mistério... e perguntava-se onde estava a mão monstruosa que tinha preparado e executado tantas catástrofes inauditas! (Crime e desaparecimento.)
Um jornal do Boulevard Saint-Germain foi o único a escrever: Essa mão é a do fantasma da Ópera.
E ainda fizera isso num tom de ironia.
Só o Persa, a quem não quiseram ouvir e que não retomou, depois da visita de Erik, a sua primeira iniciativa junto à Justiça, possuía toda a verdade.
E também detinha as provas principais que lhe tinham chegado às mãos junto com as piedosas relíquias anunciadas pelo fantasma...
Essas provas, coube a mim completá-las, com a ajuda do próprio daroga. Dia a dia eu o punha a par das minhas pesquisas e ele as conduzia. Havia anos e anos ele não voltava mais à Ópera, mas tinha conservado do monumento a mais precisa lembrança e não havia melhor guia para fazer-me descobrir os cantos mais secretos. Era também ele quem indicava as fontes onde eu podia pesquisar, as personagens a interrogar; foi ele quem me levou a bater à porta do Sr. Poligny, no momento em que o pobre homem estava à beira da agonia. Eu não sabia que ele estava tão mal e nunca esquecerei o efeito que produziram sobre ele as minhas perguntas relativas ao fantasma. Ele olhou para mim como se estivesse vendo o diabo e não me respondeu senão com algumas frases sem seqüência, mas que atestavam (isso era o essencial) quanto o F. da Ó. tinha lançado, em seu tempo, a perturbação naquela vida já agitada (Poligny era o que se convencionou chamar um boa-vida).
Quando relatei ao Persa o fraco resultado de minha visita a Poligny, o daroga deu um vago sorriso e me disse:
— Nunca Poligny ficou sabendo quanto esse extraordinário crápula do Erik (ora o Persa falava de Erik como de um deus, ora como de um vil canalha) usou e abusou dele. Poligny era supersticioso e Erik sabia disso. Erik sabia também muitas coisas sobre os negócios públicos e privados da Ópera. Quando Poligny ouviu a voz misteriosa contar-lhe, no camarote nº 5, a maneira como empregava o tempo e como abusava da confiança do seu sócio, não quis ouvir o resto. Assustado primeiro com uma voz do Céu, acreditou estar condenado, e depois, como a voz lhe pedisse dinheiro, acabou por ver que estava sendo enganado por um mestre cantor de que o próprio Debienne fora vítima. Ambos, já cansados de sua direção por numerosas razões, retiraram-se, sem tentar conhecer mais a fundo a personalidade desse estranho F. da Ó., que tinha feito chegar-lhes às mãos aquele tão estranho caderno de encargos. Legaram todo o mistério à diretoria seguinte, soltando um grande suspiro de satisfação, desembaraçados de uma história que os havia intrigado muito sem que nenhum dos dois achasse a menor graça.
Assim se exprimiu o Persa com relação aos Srs. Debienne e Poligny. A esse respeito, falei-lhe de seus sucessores e espantei-me de que nas Memórias de um diretor, do Sr. Moncharmin, se falasse de maneira tão completa dos gestos e atos do F. da Ó. na primeira parte, para chegar a nada mais dizer a respeito, ou quase nada, na segunda. Ao que o Persa, que conhecia essas memórias como se ele próprio as tivesse escrito, fez-me observar que encontraria a explicação de todo o problema se me desse ao trabalho de refletir sobre as poucas linhas que, na segunda parte precisamente do livro, Moncharmin dedicou ao fantasma. Aqui estão essas linhas, que nos interessam, aliás, particularmente, visto que nelas está relatada a maneira muito simples como terminou a famosa história dos 20 mil francos:


FIM






Nesta segunda
dia 12, as 20h30

Veronika decide morrer


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