"O Fantasma da Ópera" (Estreia):

terça-feira, 4 de agosto de 2009


Capitulo 1
Adaptado do livro Fantasma da Opera
Por Rafael Zimbrão
Fase 1
É O FANTASMA?


Naquela tarde, a mesma em que os Srs. Debienne e Poligny, diretores demissionários da Ópera, davam a sua última noite de gala, por ocasião de sua retirada, o camarim de Sorelli, uma das primeiras bailarinas da Ópera, era subitamente invadido por uma meia dúzia daquelas moças do corpo de baile que retornavam do palco após terem "dançado" Polyeucte. Precipitaram-se ali em grande confusão, algumas dando risos excessivos e outras, gritos de terror.
A bailarina Sorelli, que desejava ficar sozinha um instante para "repassar" o elogio que ela deveria pronunciar logo mais na academia, diante dos Srs. Debienne e Poligny, viu com mau humor toda essa turba estouvada atirar-se atrás dela. Voltou-se para as colegas e ficou tomada também de uma emoção tumultuosa. Foi a pequena Jammes — narizinho caro à Grevin, olhos de miosótis, faces de rosas, colo de lírio — que deu motivo a isso em três palavras, com voz trêmula, sufocada pela angústia:


— É o fantasma!
E fechou a porta a chave. O camarim de Sorelli era de uma elegância oficial e banal. Um psichê, um divã, um toucador e alguns armários constituíam a mobília necessária. Algumas gravuras na parede, lembranças da mãe, que conhecera os belos dias da antiga Ópera da Rua Le Peletier. Retratos de Vestris, de Gardel, de Dupont, de Bigottini. Esse camarim parecia um palácio para as meninas do corpo de baile, alojadas em quartos comuns, onde passavam o tempo cantando, discutindo, batendo nos cabeleireiros e nas figurinistas e tomando copinhos de cassis ou de cerveja, ou mesmo de rum, até o aviso dado pela badalada do sino.
Sorelli era muito supersticiosa. Ao ouvir a pequena Jammes falar do fantasma, arrepiou-se toda e disse:


— Bestinha!
E, como ela era a primeira a acreditar nos fantasmas em geral e no da Ópera em particular, quis imediatamente colher informações.
— Você o viu? — perguntou.
— Como estou vendo você! — replicou gemendo a pequena Jammes, que, já não se agüentando mais de pé sobre as pernas, deixou-se cair numa cadeira.
E logo a pequena Giry, olhos de jabuticaba, cabelos de nanquim, tez de bistre, com sua pobre pelezinha sobre os seus pobres ossinhos, acrescentou:


— Se for ele, ele é bem feio!
— Oh! sim — fez o coro das bailarinas.
E falaram todas juntas. O fantasma tinha aparecido como um senhor de trajes negros que se erguera de repente na frente delas, no corredor, sem que se pudesse saber de onde viera. A aparição fora tão repentina que se podia acreditar que saíra da muralha.

1 comentários:

Blog disse...

muito legal.....

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