"O Fantasma da Ópera" 15° Capitulo

terça-feira, 25 de agosto de 2009


Capitulo 15
Adaptado do livro Fantasma da Opera
Por Rafael Zimbrão


"Poligny dirigiu-se ao seu gabinete e voltou com uma cópia do caderno de encargos.
"O caderno de encargos começa por estas palavras: ‘A direção da Ópera tem por obrigação dar às representações da Academia Nacional de Música o esplendor que convém ao primeiro dos palcos líricos franceses’, e termina pelo artigo 98 que tem o seguinte teor: ‘O presente privilégio poderá ser retirado se o diretor não respeitar as disposições exaradas no caderno de encargos.’
"Seguem estas disposições.
"Esta cópia", disse Moncharmin, "está escrita com tinta preta e inteiramente conforme àquela que nós possuímos.
"No entanto, vimos que o caderno de encargos que Poligny nos estava mostrando comportava in fine um parágrafo, escrito com tinta vermelha — com letra esquisita e atormentada, como se tivesse sido traçada com palitos de fósforos, letra de criança que ainda estivesse fazendo bastõezinhos e não soubesse ainda ligar as letras. E esse parágrafo, que alongava tão estranhamente o artigo 98, dizia textualmente:
"5º Se o diretor atrasar mais de quinze dias a mensalidade devida ao fantasma da Ópera, mensalidade fixada até nova ordem em 20 mil francos, 240 mil francos por ano.
"Poligny mostrava-nos, com dedo hesitante, essa cláusula suprema, pela qual não esperávamos.
"— É só isso? Ele não quer mais nada? — perguntou Richard com o maior sangue-frio.
"— Sim, replicou Poligny.
"E, depois de folhear de novo o caderno de encargos, leu:
‘ART. 63. — O grande camarote de boca à direita dos primeiros camarotes nº 1 ficará reservada para o Chefe do Estado. A frisa nº 20, às segundas-feiras, e o primeiro camarote nº 30 às quartas e sextas serão postos à disposição do ministro. O segundo camarote nº 27 será reservado a cada dia para o uso do Governador do Departamento do Sena e do Chefe de Polícia.’
"E ainda, no final desse artigo, Poligny nos mostrou uma linha escrita com tinta vermelha que tinha sido acrescentada.
"O primeiro camarote n°. 5 será colocado, em todas as representações, à disposição do fantasma da Ópera.
"Depois disso, não pudemos fazer outra coisa senão apertar calorosamente as mãos dos nossos predecessores felicitando-os por terem imaginado essa encantadora brincadeira, que provava que a velha jovialidade francesa nunca perderia os seus direitos. Richard achou até dever acrescentar que agora entendia por que os Srs.
Debienne e Poligny abandonavam a direção da Academia Nacional de Música. Os negócios se tornavam impossíveis com um fantasma tão exigente.
"— Evidentemente", replicou sem pestanejar Poligny, "240 mil não se acham debaixo da ferradura de um cavalo. E os senhores se deram conta do que pode nos custar a não locação do primeiro camarote nº 5 reservado para o fantasma em todas as representações? Sem mencionar que tivemos de reembolsar o assinante, é assustador! Realmente, nós não trabalhamos para sustentar fantasmas!... Preferimos ir-nos embora!
"— Sim — repetiu Debienne —, preferimos ir-nos embora! Vamos embora!
"E levantou-se.
"Richard disse:
"— Mas afinal, a mim parece que os senhores são bem bonzinhos com esse fantasma. Se eu tivesse um fantasma que incomodasse tanto assim, eu não hesitaria em mandá-lo prender...
"— Sim, mas onde? Mas como? — clamaram em coro os ex-diretores — Nós nunca o vimos!
"— E quando ele vem ao seu camarote?
"— Nós nunca o vimos em seu camarote.
"— Então aluguem-no.
"— Alugar o camarote do fantasma da Ópera! Pois bem, experimentem!
"Depois disso, saímos os quatro do gabinete da direção. Richard e eu nunca tínhamos rido tanto."

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