Capitulo 5
Adaptado do livro Fantasma da Opera
Por Rafael Zimbrão
Um murmúrio assustado saudou o fim dessa história, a cujo término Jammes chegou toda esbaforida, de tão depressa que a tinha narrado, como se estivesse sendo perseguida pelo fantasma.
Em seguida, houve ainda um pequeno silêncio que interrompeu, a meia voz, a pequena Giry, enquanto, muito comovida, Sorelli polia as unhas.
— Joseph Buquet faria melhor se se calasse — enunciou Meg.
— Por que então ele ia se calar? — perguntaram-lhe.
— É a opinião da mamãe... — replicou Meg, em voz bem baixa desta vez, e olhando em torno de si, como se tivesse medo de ser ouvida por outros ouvidos que não os daquelas que estavam ali.
— E por que sua mãe tem essa opinião?
— Psiu! Mamãe diz que o fantasma não gosta que o aborreçam!
— E por que é que ela diz isso, a sua mãe?
— Porque... porque... nada... — disse Meg.
Essas sábias reticências tiveram o condão de exasperar a curiosidade daquelas mocinhas, que se acotovelaram em torno da pequena Meg Giry e lhe suplicaram que se explicasse. Estavam ali, ombro a ombro, debruçadas num mesmo movimento de pedido e de espanto. Comunicavam seu medo umas às outras, sentindo nisso um prazer penetrante que as gelava.
— Jurei não dizer nada! — replicou ainda Meg num sopro. Mas elas não lhe deram sossego e prometeram guardar tão bem silêncio que Meg, que ardia de desejo de contar o que sabia, começou, com os olhos fixos na porta:
— Está bom... é por causa do camarote...
— Que camarote?
— O camarote do fantasma!
— O fantasma tem um camarote?
Diante dessa idéia de que o fantasma tinha o seu camarote, as bailarinas não puderam conter a sua estupefação. Entre pequenos suspiros, elas disseram:
— Oh! meu Deus! conte... conte...
— Mais baixo! — ordenou Meg. É o primeiro camarote, o de número 5, vocês sabem, o primeiro camarote de boca, da esquerda.
— Não é possível!
— É como eu lhes estou dizendo... É a mamãe a lanterninha que cuida dele... Mas vocês juram mesmo que não vão contar nada?
— Lógico que sim, mas continue!...
— Pois é, é o camarote do fantasma... Ninguém entra ali há mais de um mês, exceto o fantasma, evidente, e foi dada ordem à administração para nunca mais o alugar...
— E é verdade que o fantasma vai lá?
— É sim...
— Mais alguém vai lá?
— Não!... Apenas o fantasma vai até lá, mais ninguém.
As bailarinazinhas se entreolharam. Se o fantasma ia ao camarote, elas deviam vê-lo, já que ele trajava uma roupa preta e tinha uma caveira em lugar do rosto. Foi o que disseram a Meg, mas esta lhes replicou:
— Justamente! A gente não vê o fantasma! E ele não tem nem roupa nem caveira!... Tudo isso que contaram a respeito da caveira e da cabeça de fogo dele são balelas! Ele não tem nada disso... A gente apenas o ouve quando ele está no camarote. Mamãe nunca o viu, mas ouviu. Mamãe bem sabe, pois é ela quem lhe dá o programa!
Sorelli achou que devia intervir:
— Giryzinha, você está zombando de nós. Então a pequena Giry se pôs a chorar.
— Eu teria feito melhor se ficasse calada... Se um dia mamãe souber disso!... Mas é certo que Joseph Buquet faz mal de se ocupar com coisas que não são da conta dele... isso vai lhe dar azar... mamãe estava dizendo isso ainda ontem à noite...
Nesse momento, ouviram-se passos possantes e apressados no corredor e uma voz esbaforida que gritava:
— Cécile! Cécile! Você está aí?
— E a voz da mamãe! — disse Jammes. — O que será que aconteceu?
E ela abriu a porta. Uma honorável senhora, talhada como um granadeiro pomerânio, enfiou-se pelo camarim e deixou-se cair a gemer numa poltrona. Os olhos lhe rolavam, enlouquecidos, alumiando lugubremente a sua face de tijolo cozido.
Em seguida, houve ainda um pequeno silêncio que interrompeu, a meia voz, a pequena Giry, enquanto, muito comovida, Sorelli polia as unhas.
— Joseph Buquet faria melhor se se calasse — enunciou Meg.
— Por que então ele ia se calar? — perguntaram-lhe.
— É a opinião da mamãe... — replicou Meg, em voz bem baixa desta vez, e olhando em torno de si, como se tivesse medo de ser ouvida por outros ouvidos que não os daquelas que estavam ali.
— E por que sua mãe tem essa opinião?
— Psiu! Mamãe diz que o fantasma não gosta que o aborreçam!
— E por que é que ela diz isso, a sua mãe?
— Porque... porque... nada... — disse Meg.
Essas sábias reticências tiveram o condão de exasperar a curiosidade daquelas mocinhas, que se acotovelaram em torno da pequena Meg Giry e lhe suplicaram que se explicasse. Estavam ali, ombro a ombro, debruçadas num mesmo movimento de pedido e de espanto. Comunicavam seu medo umas às outras, sentindo nisso um prazer penetrante que as gelava.
— Jurei não dizer nada! — replicou ainda Meg num sopro. Mas elas não lhe deram sossego e prometeram guardar tão bem silêncio que Meg, que ardia de desejo de contar o que sabia, começou, com os olhos fixos na porta:
— Está bom... é por causa do camarote...
— Que camarote?
— O camarote do fantasma!
— O fantasma tem um camarote?
Diante dessa idéia de que o fantasma tinha o seu camarote, as bailarinas não puderam conter a sua estupefação. Entre pequenos suspiros, elas disseram:
— Oh! meu Deus! conte... conte...
— Mais baixo! — ordenou Meg. É o primeiro camarote, o de número 5, vocês sabem, o primeiro camarote de boca, da esquerda.
— Não é possível!
— É como eu lhes estou dizendo... É a mamãe a lanterninha que cuida dele... Mas vocês juram mesmo que não vão contar nada?
— Lógico que sim, mas continue!...
— Pois é, é o camarote do fantasma... Ninguém entra ali há mais de um mês, exceto o fantasma, evidente, e foi dada ordem à administração para nunca mais o alugar...
— E é verdade que o fantasma vai lá?
— É sim...
— Mais alguém vai lá?
— Não!... Apenas o fantasma vai até lá, mais ninguém.
As bailarinazinhas se entreolharam. Se o fantasma ia ao camarote, elas deviam vê-lo, já que ele trajava uma roupa preta e tinha uma caveira em lugar do rosto. Foi o que disseram a Meg, mas esta lhes replicou:
— Justamente! A gente não vê o fantasma! E ele não tem nem roupa nem caveira!... Tudo isso que contaram a respeito da caveira e da cabeça de fogo dele são balelas! Ele não tem nada disso... A gente apenas o ouve quando ele está no camarote. Mamãe nunca o viu, mas ouviu. Mamãe bem sabe, pois é ela quem lhe dá o programa!
Sorelli achou que devia intervir:
— Giryzinha, você está zombando de nós. Então a pequena Giry se pôs a chorar.
— Eu teria feito melhor se ficasse calada... Se um dia mamãe souber disso!... Mas é certo que Joseph Buquet faz mal de se ocupar com coisas que não são da conta dele... isso vai lhe dar azar... mamãe estava dizendo isso ainda ontem à noite...
Nesse momento, ouviram-se passos possantes e apressados no corredor e uma voz esbaforida que gritava:
— Cécile! Cécile! Você está aí?
— E a voz da mamãe! — disse Jammes. — O que será que aconteceu?
E ela abriu a porta. Uma honorável senhora, talhada como um granadeiro pomerânio, enfiou-se pelo camarim e deixou-se cair a gemer numa poltrona. Os olhos lhe rolavam, enlouquecidos, alumiando lugubremente a sua face de tijolo cozido.
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