"O Fantasma da Ópera": 4° Capitulo:

sexta-feira, 7 de agosto de 2009


Capitulo 4
Adaptado do livro Fantasma da Opera
Por Rafael Zimbrão


Então, sentindo sobre si os olhares que vigiavam os seus menores gestos, ela se esforçou para ser corajosa e disse bem forte:
— Há alguém atrás da porta?
— Oh! sim! sim! certamente há alguém atrás da porta! — repetiu aquela ameixinha seca da Meg Giry, que segurou heroicamente Sorelli pela saia de filó... — Por favor, não abra! Meu Deus, não abra!
Mas Sorelli, armada com um estilete que estava sempre com ela, ousou virar a chave na fechadura e abrir a porta, enquanto as bailarinas recuavam até a toalete e Meg Giry suspirava:
— Mamãe! Mamãe!
Sorelli olhou corajosamente no corredor. Estava deserto; uma borboleta de fogo, na sua prisão de vidro, lançava um clarão vermelho e turvo no meio das trevas ambientes, sem chegar a dissipá-las. E a bailarina fechou bruscamente a porta com um grande suspiro:
— Não — disse ela —, não há ninguém!
— No entanto, bem que nós o vimos! — afirmou ainda Jammes retomando com passos tímidos o seu lugar junto de Sorelli. — Ele deve estar em algum lugar por aí, rondando. Eu não volto para me vestir. Deveríamos descer à academia juntas, imediatamente, para o "elogio", e subiríamos de volta juntas.
Nesse momento, a menina tocou piedosamente a figuinha de coral que se destinava a livrá-la do azar. E Sorelli desenhou, às escondidas, com a ponta da unha rósea do polegar direito, uma cruz de Santo André sobre o anel de madeira que lhe envolvia o anular da mão esquerda.
"Sorelli", escreveu um cronista célebre, "é uma bailarina alta, bela, de rosto grave e voluptuoso, com uma cintura tão flexível quanto um ramo de salgueiro; diz-se comumente dela que é ‘uma bela criatura’. Os seus cabelos loiros e puros coroam uma fronte opaca abaixo da qual se incrustam dois olhos de esmeralda. Sua cabeça balança suavemente sobre o pescoço longo, elegante e altivo, como uma garça. Quando dança, tem um movimento de quadris indescritível, que dá a todo o seu corpo um estremecer de inefável langor. Quando ergue os braços e se inclina para começar uma pirueta, acusando assim todo o desenho do busto, e a inclinação do corpo faz ressaltar a anca dessa deliciosa mulher, parece que é um quadro capaz de levar qualquer um a dar um tiro na cabeça".
Em matéria de cérebro, parece fato verificado que ela não teve muito. Ninguém a recriminava por isso.
Ela disse ainda às pequenas bailarinas:
— Meninas, é preciso se "recomporem"!... O fantasma, talvez nunca ninguém o tenha visto!...
— Sim! sim! Nós o vimos!... nós o vimos agora mesmo! — replicaram as meninas. — Ele tinha uma caveira em lugar do rosto e a sua roupa era negra, como na noite em que apareceu a Joseph Buquet!
— E Gabriel também o viu!... — acrescentou Jammes — nada menos que ontem! ontem à tarde... em pleno dia...
— Gabriel, o mestre de canto?
— É sim... Como! Vocês não estão sabendo?
— E estava com os seus trajes, em pleno dia?
— Quem? Gabriel?
— Não! O fantasma!
— Lógico que ele estava com os seus trajes! — afirmou Jammes. — Foi o Gabriel mesmo quem me disse... Por causa das roupas que ele o reconheceu. E vejam como aconteceu. O Gabriel estava no escritório do gerente. De repente, a porta se abriu. Era o Persa que estava entrando. Vocês sabem quanto o Persa tem "olho mau".
— Oh! sim! — responderam em coro as pequenas bailarinas, que, logo que evocaram a imagem do Persa, fizeram cornos com o dedo indicador e o mínimo em riste para esconjurar o Destino, enquanto o dedo médio e o anular ficavam dobrados sobre a palma da mão e seguros pelo polegar.
— ... E quanto o Gabriel é supersticioso! — continuou Jammes. — Mas ele é sempre educado e quando vê o Persa contenta-se em enfiar tranqüilamente a mão no bolso e tocar as suas chaves... Pois bem, logo que a porta se abriu diante do Persa, o Gabriel deu um salto da poltrona onde estava sentado até a fechadura do armário, para tocar em ferro! Nesse movimento ele rasgou num prego toda uma aba de seu paletó. Com pressa de sair, ele foi bater a cabeça num cabide e fez um galo enorme; depois, recuando bruscamente, esfolou o braço no biombo, perto do piano; quis apoiar-se no piano, mas tão desajeitadamente que a tampa lhe caiu sobre as mãos e lhe esmagou os dedos; saltou como um louco para fora do escritório e finalmente calculou tão mal o tempo ao descer as escadas que despencou sobre os quadris por todos os degraus do primeiro andar. Eu ia passando nesse momento com a Sra.. Precipitamo-nos para levantá-lo. Ele estava todo machucado e com o rosto cheio de sangue, que até dava medo. Mas logo ele se pôs a sorrir e a exclamar: "Obrigado, meu Deus! por ter-me livrado disso por tão pouco!" Então nós o interrogamos e ele nos contou todo o seu medo. Esse medo lhe tinha vindo do fato de ele ter visto, atrás do Persa, o fantasma! O fantasma com a caveira, como o descreveu Joseph Buquet.

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