"O Fantasma da Ópera" 8° Capitulo

sexta-feira, 14 de agosto de 2009


Capitulo 8
Adaptado do livro Fantasma da Opera
Por Rafael Zimbrão



Nenhum dos amigos da Ópera ignorava que o coração de Christine tinha permanecido puro como aos quinze anos, e P. de St.-V. declarou "que, para compreender o que acabava de acontecer com Christine Daaé, estava na necessidade de imaginar que ela tinha acabado de amar pela primeira vez! Talvez eu seja indiscreto", acrescentou, "mas só o amor é capaz de realizar tamanho milagre, tão fulminante transformação. Ouvimos, há dois anos, a Christine Daaé em seu concurso para o Conservatório, e ela nos dera então uma esperança encantadora. De onde vem o sublime de hoje? Se ele não desce do céu nas asas do amor, será preciso pensar que ele sobe do inferno e que Christine, como o mestre de canto Ofierdingen, firmou um pacto com o Diabo! Quem não ouviu a Christine cantar o trio final de Fausto não conhece Fausto: a exaltação da voz e a embriaguez sagrada de uma alma pura não poderiam ir além".
Entretanto, alguns assinantes protestavam. Como puderam ter-lhes escondido durante tanto tempo semelhante tesouro? Christine Daaé fora até então um Siebel conveniente junto dessa Margarida algo esplendidamente material que era Carlotta. E foi necessária a ausência incompreensível e inexplicável de Carlotta, nessa noite de gala, para que, sem qualquer preparação, a pequena Christine Daaé pudesse dar toda a medida do seu valor numa parte do programa reservada à diva espanhola! Finalmente, como, privados de Carlotta, os Srs. Debienne e Poligny tinham-se dirigido a Christine Daaé? Eles conheciam então o seu gênio escondido? E se eles o conheciam, por que o esconderam? Coisa estranha, não se conhecia o seu professor atual. Ela tinha declarado várias vezes que, doravante, trabalharia sozinha. Tudo isso era bem inexplicável.
O conde de Chagny tinha assistido, de pé em seu camarote, a esse delírio e a ele se juntara com os seus "bravos" retumbantes.
O conde de Chagny (Philippe-Georges-Marie) tinha então exatamente 41 anos. Era um grande senhor e um belo homem. Com altura acima da média, rosto agradável, apesar da fronte severa e dos olhos um pouco frios, ele era extremamente cortês e fino com as mulheres e um pouco altivo com os homens, que nem sempre lhe perdoavam os seus sucessos mundanos. Tinha excelente coração e consciência honesta. Pela morte do velho conde Philibert, ele se tornara o chefe de uma das mais ilustres e antigas famílias da França, cujo lado nobre remontava até Louis le Hutin. A fortuna dos Chagny era considerável, e quando o velho conde, que era viúvo, morreu, não foi tarefa fácil para Philippe aceitar gerir tão pesado patrimônio. As suas duas irmãs e o irmão Raoul não quiseram ouvir falar de partilha e deixaram tudo entregue a Philippe, como se o direito de primogenitura não tivesse deixado de existir. Ao se casarem as duas irmãs — no mesmo dia —, retomaram as suas partes das mãos do irmão, não como algo que lhes pertencesse, mas como um dote pelo qual expressaram a maior gratidão.
A Condessa de Chagny — nascida de Moerogis de La Martynière — tinha morrido ao dar à luz Raoul, nascido vinte anos depois do seu irmão primogênito. Quando morreu o velho conde, Raoul tinha 12 anos. Philippe cuidou ativamente da educação do menino. Nessa tarefa, foi admiravelmente secundado pelas irmãs, primeiro, e depois por uma velha tia, viúva de um marinheiro, que morava em Brest e que passou ao jovem Raoul o gosto pelas coisas do mar. O rapaz inscreveu-se na escola naval do Borda, foi classificado entre os primeiros e realizou tranqüilamente a sua volta ao mundo. Graças a poderosos apoios, acabara de ser designado para tomar parte da expedição oficial do Requin, que tinha por missão procurar nas geleiras do pólo os sobreviventes da expedição do d’Artois, dos quais não se tinha notícias fazia três anos. Enquanto esperava, gozava de longas férias que não deviam terminar antes de seis meses, e as velhas senhoras da sociedade, moradoras no bairro nobre de Saint-Germain, ao verem esse menino bonito, que parecia tão frágil, já tinham dó dele pelos rudes trabalhos que o esperavam.
A timidez desse marujo, eu estaria até tentado de dizer, sua inocência, era notável. Parecia ter saído na véspera da mão das mulheres. De fato, mimado pelas duas irmãs e pela velha tia, ele havia conservado dessa educação puramente feminina maneiras quase cândidas, marcadas por um encanto que nada, até então, pudera empanar. Nessa época, tinha pouco mais de 21 anos e parecia ter 18. Possuía um bigodinho loiro, belos olhos azuis e cútis de moça.
Philippe mimava muito Raoul. Primeiro, tinha muito orgulho dele e previa com alegria uma carreira gloriosa para o seu caçula nessa Marinha em que um de seus antepassados, o famoso Chagny de La Roche, tivera o posto de almirante. Aproveitava a licença do jovem para lhe mostrar Paris, desconhecida por este no que pode oferecer de alegria luxuosa e de prazer artístico.

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